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terça-feira, 22 de outubro de 2013

Salvando a jabuticabeira

Patrulha da Jabuticaba:
A mudança da jabuticabeira para a Casa Verde


"As plantas me ensinavam de chão.
Fui aprendendo com o corpo.
Hoje sofro de gorjeios nos lugares puídos de mim.
Sofro de árvores."

Manoel de Barros (Compêndio para uso de pássaros)



  ...Percebendo a nossa vontade de mexer  a terra, o professor João Batista parou os  Patrulheiros da Jabuticaba e propôs: 
Vamos trabalhar com a terra? Sentamos em volta do buraco doidos para começar a futricação. Primeiro ele  explicou porque separou  em dois grandes montes a terra que tirou  do buraco. A terra que estava na parte de cima do solo ficou de um lado e a que estava mais profunda do outro. Adiou ainda mais a alegria porque antes de por a mão na massa, quer dizer, na terra  ele ensinou-nos a demorar o olhar por sobre as coisas a nossa volta. O prof. João Batista pediu que fechássemos os olhos para ver melhor. Juntos elencamos tudo o que víamos,  sem ver. Aprendemos então que só é possível demorar o olhar se fecharmos os olhos. Assim, sem ver, enxergamos, ouvimos, sentimos  o inaudível. Ai sim,  aprenderiamos as lições da terra, e de tudo que nela habita.
  
 Segundo o professor João Batista, o buraco fôra escavado na forma arredondada para assimilar melhor as energias da terra. Desta maneira o campo energético da árvore não se interromperia, favorecendo a manutenção da vida da mais  nova moradora da Casa Verde.


  O monturo de terra que estava mais próximo da superfície tinha uma coloração  mais escura por causa dos nutrientes, processados por um batalhão de seres pequeninos, quase imperceptíveis, trabalhando incansavelmente  transformando matéria orgânica em humos,  
essenciais  a manutenção da vida no planeta.  - Explicou o professo João. 


 Tudo isso era para  cobrir as raízes de nossa futura moradora apenas com a terra mais escura, completamente pronta para fornecer todos os nutrientes de que ela precisaria. E foi graveto, fragmentos de grama, pau, folhas secas, pedaços de raiz, pra um lado e terra pro outro. Selecionamos da terra fértil  todas as matérias  ainda não  processadas pelo exército dos pequeninos soldados, recrutados na infantaria da terra. Estes fragmentos iriam atraí-los e  por certo atacariam também as raízes ainda convalescentes da nossa jabuticabeira. Ao mudar uma árvore adulta de um lugar para outro, muitas raízes se rompem e morrem. Isso atrai os trabalhadores da terra, ávidos por triturar as raízes em decomposição. Todo cuidado era pouco para mante-los longe. Qualquer sinais de morte,  atrairia aquele  exercito Minúsculo em tamanho, mas forte, renitente,  unidos e organizados. Estão sempre prontos  para o combate, silenciosos, espertos e prontos para o ataque o que poderia fazer nossa futura moradora transformar-se em humos antes do tempo. Portanto  todo cuidado era pouco para mante-lo afastados das raízes frágeis que estavam por vir. 



    


 Ali mexendo a terra, encontramos uma infinidade desses bichinhos. Dentre eles, uma família enorme de cupins eficientes trituradores  transformando matéria orgânica em humos.



       A professora Elizete lembrou que  a palavra 'homem' deriva da palavra 'humos' como a  origem dos elementos e da vida da terra. A palavra ”humilde” também deriva de humos  por causa desse gesto: reduzir-se em favor do outro. Reduzir-se em partículas extremamente minúsculas para depois unir-se novamente à terra em favor de um objetivo nobre e de extrema importância para a vida das plantas, dos bichos e de tudo que garante a manutenção do equilíbrio do planeta.


Relatório elaborado pelos alunos e professores do grupo de 7 a 8 anos. 


“O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. 
Caminhando e semeando, no fim terás o que colher.”

Cora Coralina


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